Diário estoico - Resenha crítica - Ryan Holiday
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Diário estoico - resenha crítica

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História & Filosofia

Este microbook é uma resenha crítica da obra: The daily stoic

Disponível para: Leitura online, leitura nos nossos aplicativos móveis para iPhone/Android e envio em PDF/EPUB/MOBI para o Amazon Kindle.

ISBN: 978-65-5560-556-3

Editora: Intrínseca

Resenha crítica

Distinguindo o que podemos mudar do que não podemos

A prática mais importante do estoicismo é distinguir o que podemos mudar do que não podemos. É importante saber sobre quais eventos da vida podemos influenciar. Não adianta reclamar que seu voo foi adiado por causa do clima. Você não tem controle sobre ele. 

Você pode brigar o quanto quiser com o representante da empresa aérea. Isso não fará a tempestade deixar de existir. Você pode reclamar, gritar e desejar ardentemente. Isso não lhe tornará mais alto ou não fará com que você tenha nascido em outro país. Há coisas que simplesmente não podemos mudar.

Você também pode se lamentar com uma rejeição. Pode lutar e tentar provar o seu valor. Só que, por mais que você tente, não pode fazer alguém gostar de você. Não é algo que está sob seu controle. O tempo que gastamos tentando mudar tudo aquilo que não temos influência poderia ser usado com coisas mais produtivas.

Travando uma batalha impossível de ser vencida

O autor cita o papel da Prece da Serenidade, uma oração que pede a serenidade para aceitar tudo o que não podemos mudar, a coragem para alterar as coisas que podemos e a sabedoria para distingui-las. Não é possível mudar o abuso sofrido na infância. Não dá para desfazer as más escolhas do passado.

O arrependimento é importante, mas não pode mudar o dano que as más decisões causaram. Só que, com o poder que temos no presente, podemos mudar o futuro. É sobre ele que arbitramos. É pensando nele que devemos agir. Epicteto dizia que nosso único poder é sobre as escolhas de hoje.

Isso se aplica a nós. Se soubermos bem o que no nosso dia podemos controlar e o que não podemos, seremos mais felizes. Também teremos uma vantagem em relação aos que não percebem que travam uma batalha impossível de ser vencida.

A sabedoria milenar do estoicismo

Contra todas as probabilidades, os diários e as cartas dos estoicistas sobreviveram a dois milênios de história. Eles contêm boa parte da sabedoria da história mundial. Juntos, compõem o alicerce de uma abordagem filosófica que já foi muito popular no Ocidente. Com o tempo, essa forma de pensar desapareceu.

O estoicismo é desconhecido para a maior parte das pessoas. A sabedoria convencional transformou “estoico” em sinônimo de “sem emoção”. No entanto, o autor defende que isso é um erro. A filosofia, reexplorada pelas pessoas de hoje, é uma poderosa ferramenta de sabedoria, perseverança e autocontrole.

Não é só uma curiosidade acadêmica. O estoicismo pode ser usado para levarmos uma vida excepcional. Os antigos estoicos, como Marco Aurélio, Sêneca e Epicteto, foram importantes durante a História. Hoje, a filosofia encontrou um público diverso, que inclui jornalistas, atletas profissionais, investidores, empresários e artistas.

Tirando a filosofia da academia

O estoicismo não é mais um interesse acadêmico menor. Os grandes realizadores do mundo estão descobrindo sua utilidade em fornecer força e energia para uma vida desafiadora. O pintor Eugène Delacroix, que se popularizou por seu quadro “A liberdade guiando o povo”, dizia que a filosofia era sua “religião consoladora”.

O estoicismo surgiu em Atenas, criado por Zenão de Cítio no século III a.C. Sua linha de pensamento era a de que a felicidade se conquistava pela virtude e que a maior parte dos problemas vem da nossa percepção sobre o mundo, não dele em si. Ele ensina que não podemos controlar nada que fique fora da “escolha racional”.

Isso significa a nossa capacidade de usar a razão para fazer escolhas. O estoicismo define quatro virtudes cardeais:

  • autocontrole;
  • coragem;
  • justiça;
  • sabedoria.

Com seu avanço, o estoicismo focou em debater as melhores formas de viver, lidar com a raiva e interagir com o mundo.

As três disciplinas do estoicismo

Em seu trabalho, os estoicos se esforçaram para propor boas respostas para os dilemas da vida. Eles formularam seu trabalho sobre três disciplinas:

  • percepção, a forma que vemos o mundo;
  • ação, como agimos e com qual propósito;
  • vontade, como lidamos com o que não conseguimos mudar e chegamos a uma boa percepção do nosso papel no mundo.

A clareza mental vem quando controlamos nossas percepções. Ao agir de forma justa e apropriada, somos eficazes. Quando alinhamos nossa vontade, desenvolvemos perspectiva para lidar com quase qualquer obstáculo que o mundo apresente. O estoicismo trabalha sobre propósito, resiliência e alegria.

A filosofia que surgiu no turbulento mundo antigo aponta o imprevisível que existe na vida cotidiana e traz várias ferramentas úteis, feitas para uso diário. O mundo contemporâneo pode parecer diferente da sociedade estoica, mas a filosofia ainda traz lições úteis para os dias de hoje.

Diga “não” ao que não importa

No estoicismo, devemos ser impiedosos com tudo aquilo que não importa. Só que dizer “não” é difícil. Dá trabalho rejeitar pedidos, convites e obrigações. Mais difícil ainda é rejeitar emoções que requerem tempo, como raiva, distração, obsessão e empolgação. Esses impulsos podem parecer inocentes.

Só que, quando fora de controle, tornam-se também um compromisso. Se não cuidarmos, esses sentimentos vão se impor, dominar e consumir a vida. Se você sente a demanda por recuperar seu tempo e se sentir menos ocupado, é porque precisa aprender a dizer “não”. Exercite isso.

Você até pode ferir alguns sentimentos e fazer com que algumas pessoas se interessem menos por você. No entanto, quanto mais disser não ao que não tem importância, mais será capaz de dizer “sim” àquilo que tem. Isso é o que permite você viver e desfrutar a vida que quer.

Cuide das percepções, oriente as ações e aceite o que foge do controle

Já passamos da metade do microbook e o autor conta como as ideias estoicas sempre fizeram sentido, apesar da passagem do tempo. Seguiriam fazendo, ainda que não passassem pelo recente refluxo de popularidade. Os filósofos se esforçavam para lembrar de que não estavam enfrentando problemas diferentes dos de seus antepassados. 

Eles também enfatizavam o papel da percepção, ação e vontade no estoicismo. Essas são as partes centrais, suas disciplinas coincidentes e decisivas. Os filósofos até têm diferenças entre si. No entanto, quando nos concentramos na essência em comum, encontramos boas orientações para seguir a vida. 

O imperador e filósofo Marco Aurélio dizia que tudo o que precisamos é ação para o bem comum no presente e uma gratidão por tudo. As três partes essenciais da filosofia estoica que devem ser consideradas nas decisões são:

  • controle das percepções;
  • orientação adequada das ações;
  • aceitação do que está fora de controle.

Saiba quem é e o que representa

Marco Aurélio dizia que quem desconhece seu objetivo de vida não sabe quem é ou por que está aqui. Quando nos perguntam quem somos, o que fazemos e de onde somos, consideramos essas perguntas superficiais. Muitas vezes, damos respostas igualmente pouco profundas a elas.

Só que, se você tentasse dar uma resposta boa, talvez não conseguisse. A maioria das pessoas não se sairia bem se precisasse dizer quem é e o que faz. Falamos de forma superficial, citando a profissão, como se fosse a única coisa que nos definisse. Não é incomum ser desconhecido para si próprio.

É raro ter um nível de autoconhecimento realmente profundo. Pergunte-se se você dedicou tempo para ver com clareza quem é e o que representa. Veja se está ocupado demais perseguindo coisas sem importância, seguindo más influências e trilhando caminhos insatisfatórios. Veja se há sentido no que faz.

O círculo de controle

Ser sensato passa por saber o que está dentro do seu círculo de controle e o que não está. Segundo os estoicos, a única coisa que podemos realmente controlar é a própria mente. Nem nosso corpo físico está completamente dentro de nossa influência. Podemos ser acometidos por doenças ou deficiências físicas.

Você pode ser preso por engano e até sua liberdade de se movimentar ir por água abaixo. Só que isso não é uma má notícia. Quando percebemos que há pouco dentro do nosso círculo de controle, diminuímos a quantidade de coisas sobre as quais precisamos pensar. A simplicidade traz clareza.

Enquanto os outros correm para lá e para cá com uma lista enorme de responsabilidades artificiais, você tem só a sua própria mente na lista. Controle só isso: escolhas, vontade e consciência. Epicteto dizia que temos influência na escolha racional e nas ações que dependem dela.  Não entrar em pânico por coisas que não pode resolver.

Preparando-se no dia ensolarado

Sêneca dizia para passar uma semana comendo só a comida mais barata e vestindo as piores roupas. No estoicismo, é quando os tempos são bons que devemos nos preparar para a dificuldade. É isso que faz os soldados praticarem em tempos de paz. Experimente, por um tempo, a pobreza, a fome e o isolamento.

Veja seus medos de perto. Finja que sua água quente foi desligada ou que sua carteira foi furtada. Imagine que você tem que dormir no chão ou que perdeu seu carro e tem que se deslocar a pé. Imagine que perdeu o emprego e tem que procurar um. Não só pense sobre os problemas, experimente-os.

Faça isso enquanto as coisas estão boas para que não se desespere diante dos problemas. É durante a imunidade que os cuidados com a alma devem se fortalecer. Se você não quer ser do tipo que não entra em pânico diante das crises, precisa se preparar para elas.

Aceitar o que é

Quando acontece algo que não desejamos, não podemos mudar o fato. Mas podemos desenvolver outra opinião sobre ele. É mais válido aceitar o que aconteceu e mudar o desejo de que não tivesse acontecido. O estoicismo envolve aceitar em vez de se opor.

Os estoicos mais experientes se esforçam até para gostar do que houve, independentemente do que seja. O filósofo Nietzsche criou a expressão “amor fati”, sobre não só aceitar, como também amar tudo o que aconteceu. Uma atitude negativa não interfere naquilo que não podemos controlar.

Os estoicos se concentram em se preparar para qualquer coisa que possa acontecer, evitando o apego àquilo que causaria infelicidade se fosse perdido. Podemos fazer planos extremamente sofisticados. No entanto, o resultado final sempre está no colo dos deuses. Não há como interferir nele.

Meditação sobre a mortalidade

Sêneca dizia para prepararmos nossa mente como se já chegássemos ao fim da vida, porque quem põe os toques finais na existência nunca sofrerá por falta de tempo. Isso não significa fazer loucuras ou viver de forma irresponsável como se não houvesse amanhã. A dica do autor é se imaginar como um soldado.

Imagine que você está prestes a partir em uma missão de guerra. Você não sabe se retornará ou não. Por isso, põe os afazeres em dia, cuida dos seus negócios e diz o que precisa dizer para seus familiares, deixando os assuntos insignificantes em segundo plano. Não é agir de forma irresponsável, mas preparar a sua ausência.

A morte é a única profecia que não falha. Todos nascemos com essa sentença. Não teremos nenhum segundo que passe de volta. Esse fato tem um forte impacto sobre o que fazemos e pensamos. Não dá para ignorar a realidade quando você sabe que está, pouco a pouco, morrendo. Precisamos parar de fingir o contrário.

Notas finais

Diário estoico mostra o estoicismo como uma abordagem para a vida baseada na aceitação das contrariedades, na busca por ser virtuoso e no contato direto com temas difíceis, como a morte e a pobreza.

Dica do 12min

Ryan Holiday também é adepto da filosofia de usar as adversidades para progredir na vida. Em “O obstáculo é o caminho”, ele conta como usar a resiliência como meio de crescimento. Veja no 12 min!

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Quem escreveu o livro?

Stephen Hanselman é empresário e já atuou como editor, agente literário e livreiro. É fundador da agência literá... (Leia mais)

Ryan Holiday é um autor, marqueteiro e empreendedor americano. Além disso, é estrategista de mídia e Diretor de Marketing na marca American Apparel. Também é colunista de mídia e editor no New York Observer. Holiday começou sua carreira profissional depois de sair da faculdade aos 19 anos de idade. Frequentou brevemente a Universidade da Califórnia, Riverside, onde estudou ciência política e escrita criativa. Holiday trabalhou com Robert Greene, autor de The 48 Laws of Power, no livro best-seller do New York Times do autor, The 50th Law. Hoje, ele aconselha ou trabalha com uma variedade de autores mais vendidos, incluindo Max, Greene, Timothy Ferriss, Tony Robbins e Vani Hari, da Food Babe. Serviu como Diretor de Marketing para American Apparel e como conselheiro do fundador Dov Charney.Ele deixou a empresa em outubro de... (Leia mais)

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